terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Moedas africanas tradicionais


Este post é uma repostagem que fiz em 2014 para compartilhar uma das minhas várias visitas ao Museu Afro Brasil, no Ibirapuera. Em 2014, o Museu Afro Brasil nos presenteou com uma linda exposição dos metais usados como moeda na África.Com certeza a expo não está mais no Museu, e como este blog está passando por uma repaginação, estou selecionando alguns posts passados porque penso que são informações pertinentes para compartilhar.
Durante muito tempo, objetos de troca serviam como dinheiro para se obter alguma coisa. Falando especificamente da nossa casa, África, o metal foi uma importante moeda como forma de recursos no momento de compra.
Uma variedade de objetos com ou sem valor teve seus momentos de glória sendo usados no lugar do que hoje temos como dinheiro. As trocas de metais e seu acúmulo era como nossos irmãos, antigamente, demonstravam sua riqueza. Esses mesmos metais, posteriormente, foram transformados em armas, ferramentas e outros utensílios valiosos. Eles usavam esses objetos como forma de pagamento de quaisquer tipos de serviços prestados e, inclusive, para acertos de “dote de casamento”. Um costume que tantas pessoas desaprovam, mas ao sabermos um pouco mais chega a ser compreensível para a época é que o pagamento do dote não era porque a família estava vendendo a moça como se ela fosse mercadoria. O fato era que como o rapaz estava tirando-a do seu ceio familiar para se casar, ele deveria compensar a família por estar levando a mulher (enquanto força produtiva de trabalho e geradora de vida) do círculo de onde ela nasceu para fazê-la desenvolver atividades fora do seu núcleo original. Percebem como a figura da mulher parece ser sagrada? Em todos os textos que lemos sobre a presença feminina na vida africana é perceptível que a mulher é sagrada e respeitada porque gera vida.
Hoje, chamamos esses objetos de moedas, mas na época não era esse o nome. As definições foram várias: dinheiro primitivo, dinheiro pré-colonial, dinheiro tradicional, meios de pagamento, medida de valor, etc. Muitos desses nomes foram aplicados em diversos povos não africanos. Na arqueologia e na numismática, chamam-se a esses objetos de paleomoedas, formado pelo termo grego paleo (ou palaios) que tem significado de antigo; resultando em moeda antiga. Com o tempo, os objetos de valores foram perdendo seu espaço em negociações como forma de pagamento.
Não há como evitar as comparações entre as formas antigas de dinheiro e as atuais, mas também não podemos rotulá-las simplesmente como primitivas como se tivessem pouco valor. As paleomoedas eram feitas em materiais raros como o ferro, cobre, prata, bronze, ouro, etc. A seguir, vamos conhecer visualmente um pouco desses objetos.


 
As 4 peças iguais – Idoma – Moeda corrente – Século XX, Nigéria – Ferro

Iorubá – Ferramenta de Osanymm – Século XX, Nigéria – Ferro

As 2 lado a lado – Ponta de Lança – Moeda corrente – África Ocidental – Ferro

Lobi – Moeda corrente – Século XX, Burkina Faso – Ferro

12 – Dogon, Tellem – Peça de altar – Moçambique – Madeira
13 – Patanya – Moeda corrente – Nigéria – Ferro

14 e 16 – Moeda corrente – África Ocidental – Ferro. 
15 – Agogô – Instrumento musical – África Ocidental – Ferro

 Instrumento musical – Século XX, África Ocidental – Ferro

 Instrumento musical – Século XX, África Ocidental – Ferro

Kirdi – Moeda corrente – Século XX – Camarões

Moeda corrente – Século XX – África Ocidental

Moeda corrente – Século XX – África Ocidental

Iorubá – Moeda corrente – Século XX – Nigéria

Cruzeta de Katanga – Ferro fundido – República Democrática do Congo

Chamba – Moeda corrente – Século XX – Nigéria-Camarões – Ferro

Moeda corrente – Século XX – África Ocidental

Mumuye – Nigéria

Lobi – Século XX – Burkina Faso

Dogon – Mali – Ferro






3 comentários:

  1. Que fantástica exposição Quênia! Pensa que não vi na época. Os nossos antepassados possuíam uma grande riqueza inovadora que as novas gerações precisam conhecer. Só nós podemos libertar nossa mente das mentiras racistas! Parabéns e siga em frente!

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  2. A riqueza que tentaram e tentam apagar de nós precisa ser mostrada, enaltecida. Sinto muito orgulho por tudo que nossos antepassados fizeram por nós. E que tudo isso seja motivo de nos fortalecer cada vez mais.

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  3. Tudo isso mostra que houve uma bruta apropriação da intelectualidade africana por parte dos ocidentais. Bom trabalho Quênia,amei a blog.

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