quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Quilombo que vive em nós: fortalecimento, resistência, afeto


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No final de semana passado, dia 27 de outubro, o Grupo Bokási KMT teve o privilégio de vivenciar uma experiência incrível. Essa experiência maravilhosa foi proporcionada pela plataforma de hospedagem e viagem Diaspora.Black. O passeio foi regado a muito afeto e compartilhamento no Quilombo da Fazendo, localizado na região da Serra do Mar, litoral norte de São Paulo. A nossa guia foi Sol Barbosa, da Rota da Liberdade.

O primeiro momento de chegada foi marcado pela recepção que Dona Lurdes, quilombola, nos deu com seu afetuoso café da manhã e depois contou um pouco a história do Quilombo. Só vou contar um pouquinho porque indico mesmo é vivenciar a experiência. Ela nos contou que até meados de 1976, eles eram uma comunidade quilombola que vivia da pesca e da agricultura. A partir de 1976/1978, aconteceu o tombamento do local como Parque do Estadual da Serra do Mar. Desde então, eles vêm travando uma luta de resistência a respeito de reconhecimento. Várias conquistas já se efetivaram, e o que estão aguardando agora é o reconhecimento de quilombo do Governo. Em seguida, tivemos o prazer de assistir à apresentação do moçambicano Valdo tocando Timbila, instrumento tradicional no sul de Moçambique, província de Gaza.

Conversa com Dona Lurdes

Conversa com Dona Lurdes


Conversa com Dona Lurdes




 
O moçambicano Valdo nos ensinando a dançar ao som da Timbila

E teve quem se aventurou a tocar Timbila junto com Valdo



O passeio na praia também foi bastante gostoso. Uma praia pouco movimentada e com o privilégio de ter a Mata Atlântica como cenário circundando toda praia. Na volta para o alojamento, Dona Lurdes nos recebeu com um almoço delicioso quilombola.

Teve bebê aproveitando o passeio também. Lueji-Nyota.



O dia foi longo e gostoso, pois depois que almoçamos, a parada seguinte foi conhecer a roça e conversar com o Seu Zé Pedro. Ele é neto de escravo, seu avô era angolano e passou para ele todo o aprendizado de vida. Imaginem isso somado à experiência de vida do Seu Zé Pedro sendo passadas para todos nós ali… Ele contou toda a história de como os escravos chegavam, como começou o quilombo e ainda nos presenteou com fotos. Sempre muito bem humorado e sábio. Tivemos ainda a honra de participar de uma apresentação do jongo, mas infelizmente nem todos os vídeos foram possíveis de publicar.




Seu Zé Pedro






Todo o passeio foi acompanhado de uma energia muito boa de recordações que não tenho objetivamente em mente, mas senti no coração a presença do fortalecimento dos meus ancestrais que estiveram naquela região. Pensar a escravidão geralmente traz tristeza, mas se há uma maneira de ressignificar isso é pensar no quanto eles foram fortes e resistentes, o quanto trabalharam para deixar herança cultural e energia de fortalecimento para nós que estamos aqui hoje. Pensar neles de uma maneira ressignificada de que o nosso povo veio para este mundo para ser forte e não esmorecer por qualquer situação. E se eles tiveram toda essa resistência na ESCRAVIDÃO, por que vamos desanimar nas situações corriqueiras do dia a dia? Fica a relfexão…

Vale muito a pena conferir pessoalmente!