sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

A África é importante para a História



A Pré-história e a História da humanidade são divididas entre o antes e o depois da invenção da escrita. Por muitos anos, a África teve sua história ocultada pelos ocidentais porque tinha-se a crença de que para se ter uma história, esta só teria validade se houvesse documentos escritos. Assim, a tradição oral africana era desvalorizada pelos europeus. M’bow, em seu prefácio no Volume I da História Geral da África, escreveu

Se Ilíada e a Odisseia podiam ser devidamente consideradas como fontes essenciais da história da Grécia antiga, em contrapartida, negava-se todo valor à tradição oral africana, essa memória dos povos que fornece, em suas vidas, a trama de tantos acontecimentos marcantes. (M’bow, 2010, pag. 21) 

É inadmissível, inclusive para muitos ignorantes nos dias atuais, aceitar que o continente africano nos forneceu inúmeras práticas que hoje fazem parte do nosso dia a dia, como a escrita, a arquitetura, a matemática, etc., etc. etc. Impossível é listar TUDO que usamos e fazemos e que teve origem no continente africano.

Hoje, estudando mais sobre nosso continente-mãe, é nítido perceber como historiadores ocidentais mutilaram a história da África. A maneira como isso ocorreu foi pela presença de viajantes estrangeiros no continente que acabaram fixando as imagens do que viam da maneira como quiseram. E claro que não foi positivamente. Durante muito tempo, ou até mesmo séculos, essas imagens foram sendo reprojetadas e serviram como justificativas para a visão que o mundo tem hoje do continente africano. Visão distorcida, obviamente. (Ki-Zerbo, 2010).

Nesse contexto, a desastrosa compreensão que se tem da África perdura até hoje. Ainda, muitas pessoas têm uma visão de que o continente é um local, mítico, exótico, que é apenas ligado à natureza; mas sem cultura (cultura da ciência). Existe grande dificuldade em compreender a África por meio da ciência. Acreditar que lá foram criadas inúmeras práticas que até hoje são vistas como criações europeias é um tabu. É importante olharmos para o nosso continente não apenas como cultura, algo como “é opcional fazer isso ou não porque a cultura de determinado local segue quem quer”. Precisamos mudar nosso olhar e vê-lo com mais orgulho e certeza de que África também é Ciência.

É de extrema importância que africanos do continente e africanos da diáspora nos juntemos para propagar nossas riquezas, nossas benfeitorias ao mundo. Isso, não como uma forma de reclamar algo (alguns podem pensar neste sentido), mas penso que propagar e conhecer cada vez mais como forma de autovalorização, autoestima. É gostoso saber que nossos antepassados deixaram legados importantíssimos para a humanidade. Isso nos fortalece também como posicionamento diante de uma sociedade que tenta a todo custo nos oprimir e depreciar nossa imagem por causa da cor da pele. Vamos nos fortalecer sempre.

NÃO, NÓS NÃO VAMOS MAIS PERMITIR QUE OPRESSORES QUEIRAM TOMAR NOSSO LUGAR DE FALA.

Referências:

- História Geral da África, Vol. I: Metodologia e pré-história da África / editado por Joseph Ki‑Zerbo.– 2.ed. rev. – Brasília : UNESCO, 2010. 992 p.

- FABRICIO, Edison Lucas; BRITO, Edilson Pereira. História da África e dos africanos: dos primórdios ao período pré-colonial. Indaial: Uniasselvi, 2012. 128 p.: il

2 comentários:

  1. Temos que fortalecer os nossos para enfrentar a guerra cotidiana contra um povo que insiste em nós negar. Nós somos a origem da humanidade e a continuação da vida dos nossos ancestrais! Resistimos, reparamos e renovamos o mundo, vamos vencer!

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  2. Sim, Carlos Machado. A penso que uma das melhores formas de nos fortalecermos é por meio do conhecimento. Vamos vencer! Poder ao povo preto!

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