No post anterior, falamos sobre a origem do homem na África.
As dúvidas podem existir talvez em razão de cor da pele que os europeus,
asiáticos têm em comparação aos africanos e pessoas que vivem em países com o
clima mais quente, por exemplo o Brasil. Então, com base num livro que estou
lendo sobre Africanidade, Charles S. Frinch III, um dos escritores da obra, usa
seu espaço para falar o que Cheikh Anta Diop comprovou sobre a despigmentação
da pele.
No período interglacial, uma parte da população africana
migrou para Eurásia colonizando da Espanha até uma parte asiática da Rússia.
Essa afirmativa é comprovada cientificamente por meio de estudos em fósseis
encontrados nessa região. Porém, depois de algum tempo – falamos aqui de tempo
entre cinquenta e quarenta mil anos atrás – os gelos voltaram a tomar conta
dessa região para onde os africanos haviam migrado na Eurásia. Por conta do
gelo (frio e falta de muita luz solar) é que a pele passou pelo processo de
despigmentação.
Se entendermos melhor a funcionalidade da Vitamina D no
organismo, entenderemos o porquê de a pele dos africanos situados na Europa
terem clareado. Ela tem como função dar força aos ossos. Um organismo que apresenta
ausência dessa vitamina tem como resultado o raquitismo nas crianças e osteomalácia
nos adultos. Ou seja, os ossos ficam moles e quebradiços. Em nós, mulheres, é
mais grave ainda porque se ficarmos com os ossos fracos teremos a pélvis
deformada e impossibilitada de realizar o parto normal, por exemplo.
Naquela época, a produção da Vitamina D no organismo só era
possível através do contato com raios solares ultravioleta. Ela também é encontrada
naturalmente em peixes de água salgada do hemisfério norte. Como mencionado há
pouco, os raios solares ultravioleta são os principais meios de absorção dessa
vitamina – hoje há outras formas encontradas para tê-las por meio da
alimentação não só de peixes. Em nós, africanos (do continente ou da diáspora),
tanto naquele tempo como agora, temos um pouco mais de dificuldade de absorver
esses raios se estivermos em locais com poucos raios solares; isso se dá em
razão da alta quantidade de melanina em nosso corpo, mesmo para quem tem o tom
de pele mais claro, os chamados “morenos”. Na África e em outros ambientes
quentes, tropicais, a pele negra se beneficiava e se beneficia mesmo para quem
tem a pele com bastante melanina porque os raios solares são intensos. Em
locais onde as geleiras predominam, como era o caso na Idade Glacial, os
africanos que migraram para lá e tinham a pele com muita melanina eram
prejudicados, pois lá o sol não era forte, consequentemente os raios não eram suficientes
para ultrapassar a melanina da pele. Com isso, naturalmente, a pele das pessoas
foi se despigmentando para que pudesse receber a quantidade necessária de
Vitamina D através dos raios ultravioletas que não eram tão fortes como em
regiões mais ensolaradas. Alguns africanos não permaneceram no local à época e,
para resolver a situação, migraram para locais onde o clima era mais quente;
outros, que permaneceram na Europa mesmo com esse clima gelado e vivendo em
cavernas, foram se despigmentando.
A pele branca absorve melhor os raios solares, então esse
problema de ausência de Vitamina D não ocorre para as pessoas com tais
características. Além disso, a pele branca aguenta mais o frio do que a pele
preta. Isso dá pra perceber no resultado de quando alguém com a pele branca que
fica muito tempo exposta ao sol; e com quem tem a pele com mais melanina nada
acontece. Segundo Diop, a despigmentação começou com o albinismo na Europa. O albinismo é uma condição que causa ainda bastante preconceito nas pessoas, mas foi através dele que começou o processo de despigmentação da pele dos nossos antepassados que viveram na Europa. Eles formaram a população ancestral aos da raça caucasiana contemporânea. Porém, em África, os albinos não têm muito tempo de vida devido ao clima, já que a pele não tem a quantidade de melanina suficiente para viverem por lá. Concluir-se que toda característica física do negro e do branco está relacionada ao clima ambiental.
Referências:
- Afrocentricidade – Uma abordagem epistemológica inovadora –
Sankofa 4 – organizado por Elisa Larkin Nascimento
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