sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Diop e sua tese sobre a despigmentação da pele - Europeus foram negros


No post anterior, falamos sobre a origem do homem na África. As dúvidas podem existir talvez em razão de cor da pele que os europeus, asiáticos têm em comparação aos africanos e pessoas que vivem em países com o clima mais quente, por exemplo o Brasil. Então, com base num livro que estou lendo sobre Africanidade, Charles S. Frinch III, um dos escritores da obra, usa seu espaço para falar o que Cheikh Anta Diop comprovou sobre a despigmentação da pele.

No período interglacial, uma parte da população africana migrou para Eurásia colonizando da Espanha até uma parte asiática da Rússia. Essa afirmativa é comprovada cientificamente por meio de estudos em fósseis encontrados nessa região. Porém, depois de algum tempo – falamos aqui de tempo entre cinquenta e quarenta mil anos atrás – os gelos voltaram a tomar conta dessa região para onde os africanos haviam migrado na Eurásia. Por conta do gelo (frio e falta de muita luz solar) é que a pele passou pelo processo de despigmentação.

Se entendermos melhor a funcionalidade da Vitamina D no organismo, entenderemos o porquê de a pele dos africanos situados na Europa terem clareado. Ela tem como função dar força aos ossos. Um organismo que apresenta ausência dessa vitamina tem como resultado o raquitismo nas crianças e osteomalácia nos adultos. Ou seja, os ossos ficam moles e quebradiços. Em nós, mulheres, é mais grave ainda porque se ficarmos com os ossos fracos teremos a pélvis deformada e impossibilitada de realizar o parto normal, por exemplo.

Naquela época, a produção da Vitamina D no organismo só era possível através do contato com raios solares ultravioleta. Ela também é encontrada naturalmente em peixes de água salgada do hemisfério norte. Como mencionado há pouco, os raios solares ultravioleta são os principais meios de absorção dessa vitamina – hoje há outras formas encontradas para tê-las por meio da alimentação não só de peixes. Em nós, africanos (do continente ou da diáspora), tanto naquele tempo como agora, temos um pouco mais de dificuldade de absorver esses raios se estivermos em locais com poucos raios solares; isso se dá em razão da alta quantidade de melanina em nosso corpo, mesmo para quem tem o tom de pele mais claro, os chamados “morenos”. Na África e em outros ambientes quentes, tropicais, a pele negra se beneficiava e se beneficia mesmo para quem tem a pele com bastante melanina porque os raios solares são intensos. Em locais onde as geleiras predominam, como era o caso na Idade Glacial, os africanos que migraram para lá e tinham a pele com muita melanina eram prejudicados, pois lá o sol não era forte, consequentemente os raios não eram suficientes para ultrapassar a melanina da pele. Com isso, naturalmente, a pele das pessoas foi se despigmentando para que pudesse receber a quantidade necessária de Vitamina D através dos raios ultravioletas que não eram tão fortes como em regiões mais ensolaradas. Alguns africanos não permaneceram no local à época e, para resolver a situação, migraram para locais onde o clima era mais quente; outros, que permaneceram na Europa mesmo com esse clima gelado e vivendo em cavernas, foram se despigmentando.

A pele branca absorve melhor os raios solares, então esse problema de ausência de Vitamina D não ocorre para as pessoas com tais características. Além disso, a pele branca aguenta mais o frio do que a pele preta. Isso dá pra perceber no resultado de quando alguém com a pele branca que fica muito tempo exposta ao sol; e com quem tem a pele com mais melanina nada acontece. Segundo Diop, a despigmentação começou com o albinismo na Europa. O albinismo é uma condição que causa ainda bastante preconceito nas pessoas, mas foi através dele que começou o processo de despigmentação da pele dos nossos antepassados que viveram na Europa. Eles formaram a população ancestral aos da raça caucasiana contemporânea. Porém, em África, os albinos não têm muito tempo de vida devido ao clima, já que a pele não tem a quantidade de melanina suficiente para viverem por lá. Concluir-se que toda característica física do negro e do branco está relacionada ao clima ambiental. 


Referências:
- Afrocentricidade – Uma abordagem epistemológica inovadora – Sankofa 4 – organizado por Elisa Larkin Nascimento

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Sobre a origem da humanidade, Diop já tinha dado a visão

Cheikh Anta Diop


Na semana passada, alguns meios de comunicação divulgaram que o DNA de um esqueleto de há dez mil anos pode comprovar a existência debritânicos negros. O espanto foi geral, geral para quem ainda não tinha dado importância ao que o senegalês Cheikh Anta Diop já havia falado há muito tempo.

Em suas pesquisas, Diop prova que a humanidade começou na África e, segundo o modelo monogenésico da origem humana, todas as outras raças surgiram como ramos do tronco africano em função de mudanças climáticas e ambientais em várias partes do mundo durante a última Era Glacial. Para os europeus e todos os seus devotos, sempre foi muito difícil aceitar que um negro, africano, pudesse ter provas da origem da humanidade que iam de encontro ao que eles (os donos da verdade) levaram mais de um século para desenvolver e implantar na mente do mundo como a única verdade. 

Para isso, nosso mestre precisou utilizar de todas as ferramentas sólidas para enfrentar a academia europeia e comprovar que todos viemos do continente africano. Porém, só se dá veracidade a alguma descoberta quando é mencionada pelos europeus. Esses teóricos faziam parte da escola poligenésica. O que é isso? Poli significa vários; genésica vem de gênese, que significa origem. Portanto, eles acreditavam na possibilidade de existir várias origens do homem. Eles defendiam a ideia de que apesar de os hominídeos terem nascido na África, ao atingirem a fase de Homo erectus, cinco populações tenham se espalhado pela África, Europa e Ásia. Este pensamento faz com que cada população seja diferente da outra e indica que cada uma teve seu tipo de evolução para o homem moderno, assim distanciando-se uma da outra; obviamente, distanciando África dessa história.

Diop defendia a escola monogenésica (mono = único; genésica vem de gênese, que significa origem). Ele atacou fervorosamente a escola dos europeus provando com eficácia que todas as raças têm a mesma origem, todas elas são ramos do tronco africano. Fósseis com pelo menos 130 mil anos foram encontrados na Etiópia e no Quênia. Os mais antigos fósseis de Homo sapiens sapiens, denominados Homens Grimaldi, que foram encontrados na Europa não tinham mais que 40 mil anos. Eles migraram para a Europa na Era Glacial quando ela estava na fase de um aquecimento temporário que durou cerca de dez mil anos e assim eles colonizaram a maior parte da Eurásia. A estrutura dos crânios desses Grimaldis e dos esqueletos são comprovadamente negroides. Bom, conclui-se que esses Homens Grimaldi, europeus, com traços negroides, eram africanos.

Com a volta da retomada do gelo na região, esses homens passaram por uma adaptação forçada por causa do clima e suas peles foram se despigmentando, resultando no tom de pele claro que os europeus têm hoje. Para entender como se deu o processo de despigmentação na pele, é preciso nos voltarmos ao significado e a função do metabolismo da vitamina D no organismo. Para que esta conversa não fique demasiada cansativa, no próximo post vamos falar como ela funciona no corpo.



Referência:
- Afrocentricidade - uma abordagem epistemológica inovadora - Sankofa 4 - organizado por Elisa Larkin Nascimento