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No final de semana passado, dia 27 de outubro, o Grupo Bokási KMT teve o privilégio de vivenciar uma experiência incrível. Essa experiência
maravilhosa foi proporcionada pela plataforma de hospedagem e viagem
Diaspora.Black.
O passeio foi regado a muito afeto e compartilhamento no Quilombo da Fazendo,
localizado na região da Serra do Mar, litoral norte de São Paulo. A nossa guia
foi Sol Barbosa, da Rota da Liberdade.
O primeiro momento de chegada foi marcado pela recepção que
Dona Lurdes, quilombola, nos deu com seu afetuoso café da manhã e depois contou
um pouco a história do Quilombo. Só vou contar um pouquinho porque indico mesmo
é vivenciar a experiência. Ela nos contou que até meados de 1976, eles eram
uma comunidade quilombola que vivia da pesca e da agricultura. A partir de
1976/1978, aconteceu o tombamento do local como Parque do Estadual da Serra do
Mar. Desde então, eles vêm travando uma luta de resistência a respeito de
reconhecimento. Várias conquistas já se efetivaram, e o que estão aguardando
agora é o reconhecimento de quilombo do Governo. Em seguida, tivemos o prazer
de assistir à apresentação do moçambicano Valdo tocando Timbila, instrumento
tradicional no sul de Moçambique, província de Gaza.
Conversa com Dona Lurdes
Conversa com Dona Lurdes
Conversa com Dona Lurdes
O moçambicano Valdo nos ensinando a dançar ao som da Timbila
E teve quem se aventurou a tocar Timbila junto com Valdo
O passeio na praia também foi bastante gostoso. Uma praia
pouco movimentada e com o privilégio de ter a Mata Atlântica como cenário
circundando toda praia. Na volta para o alojamento, Dona Lurdes nos recebeu com
um almoço delicioso quilombola.
Teve bebê aproveitando o passeio também. Lueji-Nyota.
O dia foi longo e gostoso, pois depois que almoçamos, a parada seguinte foi conhecer a roça e conversar com o Seu Zé Pedro. Ele é neto de
escravo, seu avô era angolano e passou para ele todo o aprendizado de vida.
Imaginem isso somado à experiência de vida do Seu Zé Pedro sendo passadas para
todos nós ali… Ele contou toda a história de como os escravos chegavam, como
começou o quilombo e ainda nos presenteou com fotos. Sempre muito bem humorado
e sábio. Tivemos ainda a honra de participar de uma apresentação do jongo, mas infelizmente nem todos os vídeos foram possíveis de publicar.
Seu Zé Pedro
Todo o passeio foi acompanhado de uma energia muito boa de
recordações que não tenho objetivamente em mente, mas senti no coração a
presença do fortalecimento dos meus ancestrais que estiveram naquela região.
Pensar a escravidão geralmente traz tristeza, mas se há uma maneira de
ressignificar isso é pensar no quanto eles foram fortes e resistentes, o quanto
trabalharam para deixar herança cultural e energia de fortalecimento para nós
que estamos aqui hoje. Pensar neles de uma maneira ressignificada de que o
nosso povo veio para este mundo para ser forte e não esmorecer por qualquer
situação. E se eles tiveram toda essa resistência na ESCRAVIDÃO, por que vamos
desanimar nas situações corriqueiras do dia a dia? Fica a relfexão…
Vale muito a pena conferir pessoalmente!